Como o cérebro percebe os sons?

DSC00119Ei, você ouviu isso? Ué, de onde veio esse barulho?

Se você consegue responder sem pensar muito, certamente você não tem deficiência auditiva. Ou, se tem, está bem adaptado ao seu AASI (prótese auditiva) ou IC (implante coclear). Mas, a verdade é que nem todo mundo consegue perceber tão bem de onde vem o som, especialmente quem usa um aparato auditivo, porque muita coisa se funde e requer um certo treinamento cerebral para separar bem os sons.

Por outro lado, não sou a única pessoa que fica pensando em toda a parte física da percepção auditiva. Outras pessoas, além de mim, ficam intrigadas de como a audição funciona – visto que a maioria das pessoas não para pra pensar nisso, simplesmente ouve e até estranha quando descobre que o AASI ou o IC tem limitações, já que ouvir é algo tão natural, que pensar a respeito não interessa muito.

Felizmente, os cientistas não ficam satisfeitos com essa idéia de que não é preciso pensar a respeito. Ter perfeita noção de como a audição funciona não apenas aumenta a literatura médica, saceia a sede do saber de curiosos como eu, como  também, a longo prazo, ajuda em cada vez maiores aprimoramentos em técnicas de recuperação auditiva.

E, como meus amigos sabem que eu tenho interesse nisso, recebi um link bacana de um estudo do MIT que explica como o cérebro percebe os sons. Voilà:

Nós vivemos em um mundo repleto de ecos. O som reverbera, batendo pelas paredes, prédios, pedras e qualquer outra superfície pelo caminho. Esse montante de ondas sonoras se agrupa e penetram os canais auditivos em diferentes ângulos, os ecos de um barulho se associando a novos sons e seus ecos.  Apesar dessa mistura, os neurônios no mesencéfalo auditivo, uma área que responde antes do córtex auditivo, são capazes de classificar o que eram os sons originais e de onde vieram. Como isso era feito era uma questão que há muito intrigava os cientistas, mas pesquisas recentes sugerem que o mecanismo é mais simples que se imaginava.

Neurocientistas, em estudo liderado por Sasha Devore do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, testaram a hipótese difundida de que células especializadas do cérebro ativamente suprimiriam a resposta neuronal aos ecos. Utilizando eletrodos em exames no mesencéfalo, a pesquisa mediu a resposta celular a um som e suas reverberações. Eles descobriram que as células que sentem a direção de origem dos sons responderam com mais intensidade aos primeiros 50 milisegundos das ondas de som do que às ondas posteriores – sua atividade simplesmente diminuiu após este início do som.

A resposta gradual, um mecanismo muito mais simples do que a teoria anterior de repressão, permite que o cérebro facilmente sintonize os sons originais e identifique quem ou o que está fazendo barulho.

Nota: Este artigo foi originalmente publicado com o título “Quem disse isso?”.

Link do artigo original

Contribuição do Artigo: Marcelo Wolfgang
Tradução: Kali Alves

Achei interessante! E você?

Beijinhos

Lak

24 Resultados

  1. Sun Melody disse:

    Lak

    Que bacana, como é integrante a natureza que envolve o ouvido e cérebro, ainda mais quando penso que só escuto de um só lado (puff – por isso é vital escutar nos dois lados de forma harmoniosa e equilibrada).

    A ciência brinda-nos cada vez mais de conhecimentos.

    Beijinhos.
    Sun
    🙂

  2. Juca disse:

    Lak, eu tb gosto dessas paradas de neurologia!… antes eu queria te mandar um link do livro desse cara (li outros dele… “Musicofilia” só li umas resenhas e tb achei muito interessante!)

    http://www.oliversacks.com/musicophilia.htm

    outros beijos!!! 🙂

    • Avatar photo laklobato disse:

      Não curto o Oliver Sacks e detestei algumas coisas que ele disse a respeito da surdez, portanto, agradeço o link, mas dispenso qq informação vinda dele.
      Valeu pela intenção, de qq maneira.
      Beijinhos

  3. Lu disse:

    Ah eu adoro essas coisas!! Quando ainda tava na graduação (fiz Biologia) pirava nessas coisas neurológicas, como que a gente carrega uma máquina tão perfeita e tão adaptada na nossa cabeça e nem faz idéia de como ela funciona?! 😯
    Beijos!!

  4. Rogério disse:

    Lak, no blog da Olívia ela fala muito do IC, e não costuma fazer muita restrição, a não ser a necessidade de regulagem e outros aspectos de ordem operacional. Existem casos em que o IC exige uma espécie de reprogramação mental para que funcione em profundidade, de forma a permitir a origem dos sons e, mesmo, distinguí-los em ambientes onde há profusão? Desculpe esse monte de perguntas (a de ontem foi bem imbecil), mas é que, além de curioso, reconheço que sou ignorante pacas. Beijão.

    • Avatar photo laklobato disse:

      Ela (ou algum outro usuário do IC) vai ter que te responder, porque não sei ainda hehehe
      Uma coisa que avisam logo que vc inicia o processo pré-implante, é que nem sempre se dá pra distinguir bem os sons. Tanto que criança, em sala de aula, costuma usar o sistema FM pra entender a professsora no meio de criancinhas gritando….
      (mas ou menos como se fosse um microfone usado pela professora, que manda o som sem ruido ambiente diretamente pra um receptor acomplado na parte externa do IC).
      Beijinhos

  5. Juca disse:

    😛

    acabei de ver um artigo baseado no “Vendo vozes”… esse é o risco da “literatura de divulgação” científica (estilo Sacks, Dawkins, etc): simplifica, perde rigor e… vira best-seller ou messias de alguma revelação! 😐 … valores viram “ideologia”, comportamento vira “costume”, língua vira “linguagem”, identidade vira “cultura”… enfim é aquilo mesmo, Lak: quanto mais leio os contemporâneos [qq. coisa de 68 pra cá] mais eu gosto dos clássicos!!! 😈

    • Avatar photo laklobato disse:

      Desculpe, mas qq um que diga que um surdo oralizado é um analfabeto funcional, deveria ser açoitado até a morte. Desrespeita a diversidade da deficiência, obriga uma homogenização da surdez, como se só sendo o estereótipo do estereótipo se pudesse ser alguma coisa e impõe que uma pessoa com deficiência se resuma à insignificância dela.
      Qualquer um que exija respeito desrespeitando os demais, não tem o meu respeito.
      Respeito a língua de sinais e os surdos sinalizados, com a condição sine qua non de respeitarem os que optam pela oralização, pelos AASI e pelo IC. Diversidade existe!
      Beijos

  6. Sun Melody disse:

    Lak

    Acertaste, eu gostaria sem rodeios fazer IC noutro ouvido, lado em que não escuto nadinha, nada, zero com a prótese – e tornar bilateral seria uma ajuda enorme pois o meu equilíbrio é flutuante.

    Existe um problema, o SNS só oferece um e quem quiser fazer o 2º IC os portugueses terão de pagar do seu próprio bolso, mas vou ver se consigo inverter a situação mediante os resultados da Europa extremamente reveladores.

    Vou ver isso quando for a Coimbra dia 14 desse mês, depois direi algo, no entanto jamais perco a esperança de fazer o Bilateral.

    Beijos
    Sun

  7. K disse:

    SCIAM = Scientific American

    FTW = For the win, jargao “internético” pra algo q é bom.

    Apesar de as vezes dar umas pisadas na bola (especialmente nos blogs q mantém), a SCIAM é uma publicação de ótima qualidade e acessível, diferente da Nature q é técnica “demais”.

  8. Lu disse:

    Ah fumaça da xícara!! Eu vi!!! Ai q lindo!!! (Eu vi, né?! Não é uma alucinação coletiva??) Vou até tomar um café agora…. hehe

    • Avatar photo laklobato disse:

      Hahahaha não é alucinação não. Foi um detalhezinho bobo (e gostoso) que o Edu adicionou no layout.
      A unica coisa ruim é que toda vez que olho, me dá vontade de tomar café (e, um outro detalhe bobo, isso era chá mate, não café hihihi)
      Beijão

  9. Silvia disse:

    Ah… não foi só eu quem teve essa ‘alucinação’…. Cheguei até a pensar se não era algum probleminha com o meu monitor… hehehe..

    Ainda bem que não ando vendo coisas demais.. rsrsrsr

    Beijos
    Obrigada por tudo..

  10. Silvia disse:

    P. S.. o detalhe da fumaça ficou lindo, viu?

  11. Ana Paula disse:

    Falando em barulhos Lak, meu sogro ouve um barulho, que ele descreve como barulho de motor de avião e agumas vezes um apito infernal.

    É o tal do tinnitus, que infelizmente é ligado ao mal de Ménière, doença degenerativa que acarreta perda da audição.

  12. Fabiana disse:

    Lakinha q seus posts são sempre muito esclarecedores, isso já sabemos. Obrigada ! Agora este café saindo fumacinha……. tá um charme. Ainda não tinha conseguido ver. Acabei de ver a fumacinha. Parabéns pro Edu. Bjão procê ! ! 😉 🙂

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