A arte de ser elegante.

020047Minha mãe tem um livro chamado “É mais fácil do que você pensa” (Silvia Boorstein, ed. Cultrix). É um desses livretos finos e pequenos, que normalmente fica na sessão de auto-ajuda e que, quem detesta isso, passa reto.

Apesar de eu não ter competência pra ser budista (a narrativa do livro segue essa filosofia zen) há uma parte do livro que eu acho sensacional, que fala sobre elegância. Conta que uma amiga ia fazer uma cirurgia complicada e a família estava muito apreensiva. Mas a moça que seria operada, mantinha uma serenidade impressionante. Tempos depois, ela perguntou pra amiga se não tinha ficado nervosa com a cirurgia. A amiga disse que sim,  mas os familiares dela estavam muito preocupados e ela achou que mantendo a serenidade, eles se sentiriam mais seguros. Ou seja, a elegância não é não sofrer, mas manter a serenidade diante do desconhecido. Uma arte de poucos.

Falo disso, porque minha vida adora colocar umas pessoas no meu caminho que me proporcionam instantes mágicos.  Ontem, conversei até tarde com um amigo conhecido recentemente. Naquela conversa pra se conhecer, acabamos abordando as nossas peculiaridades. Falei da minha surdez e ele, da diabetes dele.

No auge da conversa – fantástica, senão não estaria falando dela –  ele me diz: “não sei o que eu faria, se ficasse surdo. Música é muito importante pra mim.”

Eu respondi: “A gente se acostuma. Faz falta, claro. Mas dá pra continuar vivendo sem mágoas. Por outro lado, eu não sei o que eu faria, se virasse diabética. Eu adoro doce e detesto ter que controlar a quantidade de doces que eu como.”

Ele respondeu: “A gente se acostuma!”

Eu completei: “Estamos aqui comprovando que Deus só entrega a cada um o fardo que pode carregar.”

Você tem um problema? Quer reclamar dele? Ok, fique a vontade. Todo mundo tem direito de sofrer e querer arrancar os cabelos. Mas lembre-se: A única pessoa responsável pela sua felicidade é você. Pessoas que não reclamam tanto de suas condições não tem dores menores do que as suas, apenas escolheram superar a mágoa da vida e seguir em frente de cabeça erguida. Isso é mais fácil do que você pensa!

Beijinhos

Lak

28 Resultados

  1. Maysa disse:

    Bom dia Lakzinha! Apesar de seu texto ser completo, e dispensar comentarios… Vou completar ele com uma frase que recebi no meu email hoje… “Retire sempre algo de bom e proveitoso das dificuldades pelas quais você passa e das adversidades que o querem atropelar.” Beijo de bom dia!! 😉

  2. Aldrey disse:

    Oi Lak lendo o qvc escreveu sobre manter a serenidade,a calma eu me encaixo nisso depois do meu acidente,ficar sem andar,uma baita miopia e derrepente dois transplantes!!se me desesperar fico louca e deixo a familia mais preocupada,é bola pra frente,mas sempre acreditando em DEUS.BJS 😀

  3. Rogério disse:

    Bingo! Cada um no seu quadrado, quantas vezes já falamos sobre isso, né? Sou fanático por música e viciado em chocolate (o que, em tese, me coloca anos-luz distante de você e seu amigo), mas por outro lado adoraria tomar um chopp e não posso. Quer saber? A gente se acostuma…

  4. Juca disse:

    “A felicidade é uma arma… quee-eentiiii!” 😀 😀 😀

    *overdose de Belchior!!!

    eu tb tenho medo de diabetes hahaha… (histórico familiar 😐 )… é aquela doencinha encardida que a gente costuma fazer pouco caso mas TUDO complica por causa dela, né…

    eu não reclamo de nada não… mas tb eu sou “meio” complicado, Lak… nunca eu tô muito triste… mas em compensação eu nunca tô muito feliz tb!… a primeira parte todo mundo gosta!… a segunda parte costuma afastar as pessoas de mim!… não é fácil mudar isso… (pior é que nem tenho vontade de mudar!)

  5. Bia disse:

    Vixi, acho que as pessoas não me aguentam mais com minha história, até que parei um pouco de falar sobre o assunto, mas às vezes me sinto bem em falar.
    Mas é verdade mesmo, a minha felicidade depende de mim e tenho que me esforçar para chegar a ela.

    Beijo pra tu!

  6. Cybelle disse:

    Oi linda, adorei o que escreveu, acho isso tb, Deus sabe muito bem o que faz, as adversidades estão aí para nosso crescimento e aperfeiçoamento, cabe a cada um ter como vc mesmo disse a elegância para passar por tudo!
    Bjokas…. 😀

  7. Leila disse:

    Crises de enxaqueca: já me acostumei! Porém, não dá pra levantar a cabeça e ir em frente. me escondo num quarto escuro… 😀
    Quero Advil americano! Pelomórdedeus… Onde tu compra, moça? 😳

    Gostei do texto, Lakinha!

  8. Adriana disse:

    Ah! Lak, sobre isso penso que a gente não tem ideia do que é capaz e vive duvidando da nossa própria capacidade de superação. Quando divagamos sobre hipóteses e meras possibilidades, nossa tendência é acreditar na impossibilidade da adaptação. Mas um pai aprende a lidar com a ausência de um filho: essa, pra mim, é a prova que o ser humano é capaz de sobreviver, ou melhor, superar as mais dramáticas experiências. Em alguns casos, superar significa aprender a lidar, cotidiana e serenamente, com as perdas e com a dor. Será que isso é ser pessimista??? Beijo.

    • Avatar photo laklobato disse:

      Não, é ser realista. Porque acredito que a unica alternativa pra continuar vivendo, é se recusar a viver. E isso, não é uma escolha viavel.

  9. Miriam disse:

    Serviu a mim…

  10. Isa Grou disse:

    Olá Lak!

    Belo texto, viu! Parabéns!

    Beijos.

  11. Jairo Marques disse:

    A gente que é assim meio bagunçado, meio abatido pela guerra, perde um pouco a noção do que supostamente “não podemos”. Sinceramente, pra mim a maior ‘dificulidade’ da deficiencia não é o não andar.. é o outro que quer que eu ande. Vc não escuta, ele não come doce, cicrana não vê, beltrana não tem um dedo…. a completude da vida, pra mim, está na união de todo mundo… separando, segregando, realmente somos bem diferentes… todos. Beijos

    • Avatar photo laklobato disse:

      Sabe qual a minha maior dificuldade, Jairo? Não é não poder ouvir música. Eu abro mão disso de boa. É não ouvir as palavras de amor, de carinho, de compartilhar. É não ouvir os “eu te amo”, os “você é tão especial”, é não ouvir a minha mãe berrar meu nome, mesmo quando ela fica braba comigo. É não ouvir as piadas que o pessoal conta no trabalho. Se me oferecessem escolher um único som que eu pudesse ouvir, por mais lindo que seja o barulho do mar, o canto dos grilos, o som da chuva, eu troco tudo isso pelo compartilhar da voz humana.
      Não tenho isso totalmente negado, porque posso ler os lábios, posso imaginar que o som que eu ouço é a voz, mas eu lembro a diferença e sei que não é isso que eu estou ouvindo. Algumas coisas a gente só descobre o valor, quando nos é negado.
      Eu não reclamo, porque ainda posso ler os lábios. Mas não quer dizer que eu não sinta falta. Beijinhos

  12. Liliana disse:

    Olá, Lak,
    Adorei o seu texto. A vida realmente é assim, tem gente que se acaba porque acha que tem pernas tortas ou celulite, que odeia uma espinha no nariz, enquanto outras convivem muito bem com suas deficiências, sem andar, sem ouvir, sem falar, etc.
    Acho que a maneira positiva de encarar os fatos é que nos faz superar as dificuldades. Pensamentos e atitudes positivas trazem coisas boas!!! É claro que todo mundo tem o direito de ficar triste um dia ou outro, não é? Um abraço! 😉

  13. Ai Lakinha a gente se acostuma sim, mas sabe de uma coisa? Diabetes por exemplo, já existem chocolates, sorvetes e coisas do tipo DIET que podem ser tomados sem medo. Eu digo isso pq eu tinha um tio diabetico ( morreu mas n foi por Diabetes) e ele comprava essas coisas hehe. Outra coisa com a música pra gente que é surdo, hmmmm não chega a ser completamente tirada da gente. A gente não ouve mas pode sentir. Bethoveen mesmo ficou surdo e a música JAMAIS lhe foi tirada. Foi inclusive enquanto estava surdo, que compos a 9 sinfonia que é a sua composição mais famosa e a primeira do tipo a ter coral no meio. Enfim eu estou preparando um post sobre ele hahahaha depois vc ve com mais detalhes. De qualquer maneira as coisas não nos são tiradas, a gente só aprende a aprecia-las de uma maneira diferente. Assim como dizia Marcel Proust “A verdadeira viagem de descoberta não está em se descobrir novas terras, mas em se ter NOVOS OLHOS.” E é bem assim que funciona.

  14. Mariana disse:

    Lak!!
    Adorei o texto!!!
    Minha irmã passou por uma grande cirurgia também, e encarou numa boa… (ela só tinha 15 aninhos na época da cirurgia). Como nós familiares estávamos tão preocupados, ela manteve sua serenidade… Até nos surpreendeu… Isso serve como exemplo para todos. Basta ser elegante!
    Quanto à conversa de vocês sobre surdez / diabetes, realmente a gente é muito mais capaz do que imaginamos ser. Quando vemos, conseguimos superar muita coisa, a gente acaba adaptando tudo para que o problema não se torne mais um fardo em nossas vidas, não acha?
    Às vezes esqueço que sou surda… heheheh… O pessoal que lida comigo também esquece, isso mostra que estamos adaptados ao nosso meio né?
    🙂
    Beijinhos!

    • Avatar photo laklobato disse:

      Com certeza, Mariana. Em vez de achar ofensivo, adoro quando esquecem. Sinal que veem uma pessoa, não apenas um par de orelhas que não funciona…

  15. FABIANA disse:

    Lak mesmo com todo o tempo que vc já tem seu blog, só ontem conheci. Desculpe !
    Li q qdo vc era mais nova não gostava de ler, e pensei nisso bastante ontem à noite.
    É através de outras pessoas que o Senhor nos ensina o que precisamos aprender. Muito
    obrigada pela oportunidade de te conhecer. Aí eu “roubei” uma frase da Marli Cassiano q tem um blog maravilhoso tb. ” Sei que Deus não me dará nada que eu não possa lidar. Apenas gostaria que Ele não confiasse tanto em mim”. Bjs

    • Avatar photo laklobato disse:

      Eu falei lá no blog da Marli que Deus conhece a nossa força melhor do que nós. E que de um jeito ou de outro, a gente aprende a lidar com as dores, quando se permite a serenidade.
      Beijinhos

  16. Lakzinha
    Que coisa mais mimosa que ocê escreveu minina, inté ponhô água nos zóio da Sinhá. Um dia vô contá pr’ocê uma história parecida acuntecida com minha comadre Clarinha, que tem elegância pra mais de metro, dois valentão daqui de Deus me Livre (colegas do Jovaine) e uma cobra peçonhenta. Beijim

  17. April disse:

    Lak,

    Ainda não me acostumei a sair da cama quentinha e colocar o aparelho gelado no ouvido! Ninguém merece! kkkkk
    Mas falando sério, tenho uma amiga com diabetes juvenil, que é a pior, lembro qdo ela descobriu há 30 anos, ainda éramos muito novas para entender a gravidade…
    Hoje ela já perdeu um pouco da visão e combinamos que sempre q estivermos juntas ela ouve por mim e eu enxergo por ela, assim nos completamos kkkk

    bjs

    • Avatar photo laklobato disse:

      As vezes, eu esqueço de ligar o aparelho, pode? Coloco, mas não ligo imediatamente (nunca, espero alguns minutos pra acostumar com o molde, de manha) e, tem dias, que só percebo que ele tá desligado horas depois. Coisa de doido, né? haha

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