Dicas de mãe para crianças com implante coclear

Apesar de eu não ter filhos, uma coisa que já aprendi de tanto conviver com as amigas que são mães é que criança nenhuma vem com manual. Cada ser humano é único e, no que se refere ao implante coclear, cada caso é um caso.

Mas, nada impede que as mães não possam dialogar entre si e dar dicas de como estimular e desenvolver melhor suas crianças, com a intenção de formar uma rede de apoio, muito importante especialmente para mães de primeira viagem nesse universo de eletrodos, processadores e descobertas sonoras.

Quem preparou as dicas que inspiraram esse post foi ninguém menos que a linda Patricia Scharff, mãe de 3 crianças bi-implantadas, que já apareceram aqui no blog.

  1. Converse sobre o implante coclear e sobre deficiência auditiva com todas as pessoas que convivem com a criança no dia-a-dia: familiares, funcionários da casa, funcionários da escola, amigos. Nem todas as pessoas sabem abordar o assunto com naturalidade, por isso se a iniciativa for sua, fica mais fácil desmistificar e romper os medos naturais diante de uma situação completamente nova.
  2. Com a família, converse para que haja um acolhimento inclusivo. Peça para que os avós, tios, primos e agregados participem do processo e incluam a criança nas atividades e brincadeiras familiares.
  3. Se você já tiver outros filhos, inclua os irmãos no processo do implante coclear. Explique, converse, faça a criança ouvinte ser parte da inclusão do irmão. E tome cuidado para não preterir os irmãos em detrimento da criança implantada.
  4. Coloque a família sempre a par da evolução da criança, do processo de mapeamento, das novas descobertas que surgem. Não tenha medo de convidá-los a ser parte dessa realidade. Explique que o desenvolvimento da comunicação de um implantado, muitas vezes, pode ser diferente de um ouvinte.
  5. Ao mesmo tempo que aceitamos amorosamente a deficiência e reconhecemos as limitações que ela traz, a criança é um ser humano completo além da deficiência. Ela vai querer fazer coisas de crianças: brincar, praticar esportes, dançar, fazer teatro, etc. Dê a ela o direito de ter uma infância feliz e saudável.
  6. Respeite o tempo da criança para que ela consiga atingir seu potencial sem sentir-se constantemente cobrada e reprovada.
  7. Estimule também os outros sentidos da criança: visual, táctil, paladar, olfativo. Perceba formas de lidar com ela que não seja exclusivamente auditiva. Por exemplo, faça massagem ou cócegas para acordá-la. Leve-a para tomar um banho de chuva. Incentive-a a experimentar sabores diferentes de sorvete. Crianças são extremamente perceptivas e entendem múltiplas formas de comunicação além da voz.
  8. Acolha a criança com o olhar, fale sempre de frente para ela de forma que ela visualize seus lábios e seus olhos ao mesmo tempo. A leitura labial envolve a leitura de todo o rosto, não só dos lábios.
  9. Desde cedo, ensine a criança a cuidar dos próprios processadores de som, de acordo com as possibilidades da idade. Converse com ela e ensine a importância do implante coclear na vida dela. Coisas simples, como recolocar a antena que cai, avisar que a bateria acabou, depois aprender a trocar a bateria szinha, por fim, até os cuidados mais básicos, como colocar o processador no desumidificador.
  10. Crie uma sintonia com a fonoaudióloga que faz o mapeamento do implante do seu filho. Converse com ela, exponha suas dúvidas, peça dicas, conte novidades do desenvolvimento da criança, etc. É uma parceria que deve durar a vida toda.
  11. Mantenha diálogo permanente com a fonoaudióloga de terapia e avalie junto com ela o progresso da criança. Aprenda a fazer a sua parte e leve isso a sério.
  12. Tenha um caderno de atividades, com imagens que explicam atividades do dia-a-dia para a criança e use-o regularmente.
  13. Apresente o implante coclear na escola, leve um manual de explicação e dicas sobre o que é o aparelho, como cuidar e como é o desenvolvimento de uma criança implantada. Se possível, converse com a equipe pedagógica e os professores que lidarão diretamente com a criança. Mostre-se aberto para o diálogo e, se possível, até ofereça uma “palestrinha” com a turma da criança (dependendo da idade) para conversar com elas sobre o aparelho e esclarecer dúvidas.
  14. Coloque a escola e a fonoaudióloga em contato, para orientações em via de mão dupla.
  15. Troque experiências com outras mães, participe de encontros de implantados, crie uma rede de apoio e amizade mútua. A deficiência auditiva impõe barreiras, mas o implante coclear abre portas. Uma delas, é a porta para algumas das melhores amizades que você poderia ter!

Essas dicas são valiosas, mas claro, devem ser adaptadas à realidade de cada um. Como dizem, só uma mãe entende outra e alguém que tem três cyborguinhos em casa, conhece como ninguém esse assunto. Por isso, trouxe as dicas dela aqui para o DNO! Espero que tenham gostado.

Beijinhos sonoros,

Lak

10 Resultados

  1. Carla Ponte disse:

    Clara Cavalcanti mostra aquela sua paciente que o filho estuda na escola do rafinha

  2. Carla Ponte disse:

    Rosegleyde Araujo acho legal você da uma lida pode ser que ajude vocês em alguma coisa. Bjs

  3. arenilce disse:

    Conheço a Patricia e as crianças dela são uma graça de Deus…admiro muito ela…sou fãm numero um dela…sou tbm mae de uma criança implantada e cada dia apreendo mas com ele um dia de cada vez…Obrigada por conhecer vc Patricia …bjs..

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