Espaço Escuta

Quando me convidaram para participar do evento de natal do Espaço Escuta – que é um pojeto desenvolvido pela POLITEC Saúde com a proposta de ser um espaço de referência para usuários do implante coclear da marca Cochlear ( a que eu uso hehe) e familiares, estimulando a comunicação e a integração social entre os implantados – eu não sabia que seria um dos momentos mais emocionantes da minha trajetória como blogueira especializada em IC.

Soube que seria o evento de encerramento de semestre, com direito a festa de natal. Como resistir a um convite desses? Cheguei no horário combinado, quando as crianças já estavam bem entrosadas com as atividades do dia. Eram cerca de 8 crianças de idade entre 5 e 12 anos. Quando sentei perto delas, a Fga. Raquel Nobre avisou que eu usava o Implante Coclear também. Aí elas quiseram ver e ficaram bem a vontade comigo… E eu com elas, porque a identificação são mútua.

Logo que cheguei, a criançada estavam brincando numa sala, onde a Fga. Lilian Kuhn lia um livro para elas (o livro tinha som e até eu fiquei encantada com os barulhinhos). Mas, as crianças ficaram mais interessadas na minha câmera fotográfica e na novidade de ter um adulto usando o mesmo aparelho que elas. Graças a isso, até consegui tirar algumas fotos, antes de ter a máquina confiscada por várias pequenas pessoas que são muito chegadas em fotografia e fui bastante fotografada também. Depois de um tempo, deixei de ser novidade e as brincadeiras continuaram por mais algum tempo, até que começou a festinha de natal, com direito a muitos presentes, doces e até um amigo secreto realizado por iniciativa das mães. Porque é assim, enquanto as crianças interagem numa sala, os pais (ou cuidadores) ficam em outra sala com atividades especiais pros grandinhos.

Confesso que tive que me segurar muito para não chorar.  Fiquei encantada com o Espaço. Não apenas porque é algo feito com carinho e com a melhor das intenções, mas porque pude observar como é importante essa integração. Pelos pequenos, que buscam identificação com outras crianças que usam o mesmo aparelho para ouvir e que são bem orientados lá; mas também pelos pais, que encontram outros que passam por situações parecidas e tem oportunidade de trocar informação. É fácil perceber a cumplicidade que existe entre as crianças e entre as mães (e pais) que frequentam o Espaço Escuta.

Além de fotografar o evento, pude observar os pequenos implantados. Sempre achei que as crianças tinham mais sorte que eu, por terem nascido numa época que o IC é algo divulgado e acessível (levei anos para saber da existência do IC, quando perdi a audição). Mas, percebi que, de certa forma, quando se é adulto, as coisas são mais fáceis, porque a gente sabe o que e como trabalhar a audição através do IC. Já os pequenos, precisam de ajuda. Ajuda especializada mesmo. Os pais, idem. Eles precisam de apoio também. Precisam de carinho e de compreensão. Por isso, o Espaço Escuta é tão importante.

Mas, eu falo na condição de observadora (e divulgadora) apenas. O que seria melhor que trazer a opinião de uma mãe cuja filha participa do programa?

“Pra nossa familia é muito gratificante participar desse programa, juntamente com profissionais tão competentes e que demonstram realmente estar engajadas na melhoria e qualidade de vida das nossas crianças (Implantadas). É maravilhoso como o espaço foi planejado com tanto carinho, e é assim com todas as atividades. O melhor de tudo isso é que elas cuidam das crianças e dos pais também! Os pais participam de Grupos onde compartilhamos nossas experiencias, aflições e expectativas. Hoje, consigo ter um melhor relacionamento com minha filha, consigo ter motivação para ajudá-la em seu progresso! Somos realmente muito felizes e nos sentimos privilegiados em participar do Espaço Escuta, e somos gratos por encontrar pessoas tão especiais… Tantos os pais, crianças e profissioanais. Desejamos muito que o Espaço cresça e que acolha mais e mais crianças!!! Abraços Familia Sotero Kelly, Léo e Duda”

Para quem quiser saber mais:

O Projeto Espaço Escuta acolhe, escuta e orienta os usuários da Cochlear que buscam o Espaço. É feito em programas semestrais especialmente desenvolvidos para crianças entre 2 e 12 anos, além dos pais (ou cuidadores), em encontros semanais com 2h30 de duração, desenvolvido por profissionais da área de fonoaudiologia, psicologia e serviço social. E, a melhor parte, é um trabalho oferecido gratuitamente, em São Paulo capital.

Para maiores informações e para participar:

tel.: 11 3052.2013

www.programaespacoescuta.com.br

atendimento@pespacoescuta.com.br

p.s. clique nas fotos para aumentá-las.

25 Resultados

  1. SôRamires disse:

    Grande divulgadora você está me saindo! As pessoias precisam saber desses espaços e atividades. O fato de encontrar outras pessoas numa situação parecida reforça a vontade de seguir batalhando e superando as dificuldades. Estou adorando sua fase de reporter IC. Tinha brigadeiro nessa mesa de doces?

  2. Andrea Prado disse:

    Demais….uma beijoca estralada.

  3. Marcelo P disse:

    Que delicia estar com essa criançada e partilhar esse momento, pena que não me convidaram para a festa, rsrs
    Beijos!

  4. Eliane disse:

    Que lindo isso, a festa de Natal, a existência do Espaço, olha estou encantada. E, ainda com beijo sabor brigadeiro, “sem igual”rsrsrs
    Tarde gostosa!!!
    Sabe fiquei com uma invejinha saudável de não existir um Espaço Escuta,
    teria gostado muito e acho que vc tb. Teria sido bom trocar figurinhas com pessoas com sentimentos semelhantes aos meus na época. Mas, enfim que bom que existe hoje e, pode ser útil a tanta gente. 🙂

  5. Carla Rigamonti disse:

    Lak, fiquei muito feliz em ver o Programa Espaço Escuta sob o seu ponto de vista. O texto e as fotos ficaram emocionantes. Agradeço pela sua visita. E saiba que as portas estão sempre abertas para você! Beijo.

  6. Tatiane Braga disse:

    Lak muito bom trazer informações sobre o Espaço Escuta. Tive a oportunidade de conhecer o local e o trabalho que estão desenvolvendo lá. Não precisa de muito esforço pra perceber que tudo ali é feito pensando no melhor para as crianças implantadas. Até recebi o convite para participar, pena que moro tão longe.. buáaaaa

  7. Priscila Soares disse:

    Oi! Descobri esse site pela link to implante cochlear no Facebook. Moro nos estados unidos e meu filho tem 5 anos e usa o implante nos dois ouvidos. Aqui a gente recebe muito suporte e ajuda. Adorei descobrir que existe esse programa em São Paulo. Seria bem legal poder conhecer o espaço com ele da próxima vez que eu for visitar a família em Sampa. Parabéns pelo lindo artigo!

  8. Maíra disse:

    Gostei de ver você no meio da pirralhada… 😛

  9. chu regina disse:

    “Sonho que se sonha junto = vira realidade”
    Parabéns a todos os profissionais envolvidos e que serviços de saude possam se espelhar no empreendimento realizado com competência, lisura e nível de responsabilidade social que marcam o Espaço Escuta da POLITEC Saude em São Paulo. Abraço à coordenadora psicóloga Carla Rigamonti.

    chu cavalcantti

  10. SôRamires disse:

    Lak seria legal vazer umas perguntinhas pra Priscila Soares e ver como é nos Estados Unidos o atendimento e apoio aos pequenos implantados. Fiquei curiosa.

  11. Oi, SoRamires.
    Aqui a maioria das crianças já fazem o teste da orelhinha no hospital, quando nascem. Quando alguma é diagnosticada com deficiencia auditiva, os especialistas do departamento educacional da cidade aonde a criança mora entra em contato com a família e é automaticamente obrigada a ajudá-la com todos os recursos necessários para que a criança tenha o crescimento e educação apropriada, dependendo de cada caso. Com o meu filho, Jason, por exemplo, logo que era bebezinho, passamos a receber visitas semanais na minha própria casa de uma psicóloga e uma professora especialista de surdos e deficientes auditivos. Ela me deu dicas de como me comunicar com ele, tanto verbalmente como em linguagem de sinais. Me ensinou dicas como sempre ficar no nível dos olhos dele. Por exemplo, adoro essa frase: “Se você não está falando pros meus olhos, então você simplismente não está falando comigo”. Inicialmente achamos que a perda auditiva dele fosse moderada e logo ele colocou aparelhos auditivos. Com 18 meses ele foi colocado numa escola pra crianças que tem dificuldade de comunicação (CEID), sendo na sua grande maioria, surdos ou deficientes auditivos. Ele ficou lá até os 5 anos de idade. Lá eu e o Jason, aprendemos todas as ferramentas necessárias para melhor ajudá-lo. Ele foi implantado com 3 anos, quando foi finalmente disgnosticado com uma perda de severa a profunda. Eu me comunico principalmente verbalmente com ele, mas adoro que todos nós sabemos sinais. Assim, quando ele está na piscina, ou tomando banho, ou quando acorda no meio da noite, ainda podemos ter comunicação sem ele ter que sair correndo atrás do aparelho, afinal de contas, mesmo ele tendo o implante, ele ainda é surdo. A escola abriu o mundo pra nós e sinceramente não acredito que teria conseguido ajudá-lo tanto com tanta rapidez se não fosse a dedicação e carinho dos profissionais de lá. Se vc quiser ver fotos que tirei da escola dele (sou fotógrafa e trabalhei pra escola diversas vezes fotografando as crianças encantadoras que tem lá), clique nessa link: http://primaginephotographyclient.com/children-portfolio/ceid-center-for-early-intervention-on-deafness
    Agora ele está em uma nova escola, já que está pronto para ser alfabetizado no kindergarten. Ele está amando aprender a ler e escrever, ele adora as letras e os números e está aprendendo tudo numa voracidade que é lindo de se observar. Me enche de orgulho.
    Ps: esses serviços são todos gratuitos e o governo é obrigado por lei a oferecer os caminhos necessários para que todas as crianças se desenvolvam apropriadamente de acordo com sua idade e suas limitaçoes. “No child Left Behind Act”
    Se tiver qualquer dúvida pode entrar em contato comigo via email: priscila.art@gmail.com

  12. Sim, claro, pode postar a vontade!

  13. Silvana disse:

    Você captou com muita sensibilidade o que nós do programa Espaço Escuta sentimos e queremos fazer por estas crianças e suas familias.
    Se para estas pessoas pudermos fazer viverem mais felizes, estamos super gratificados.
    E vamos em frente…que por ai vem mais!

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