Eterna infância

De vez em quando, faço posts falando dos meus deslumbramentos infantis-balzaquianos, comecei a lembrar de algumas particularidades da minha infância original, como ouvinte analógica mesmo.
Vocês me permitem um post de devaneios? Nada a ver com a premissa do blog, apenas pra mostrar que quando criança e ouvinte, eu já era a pessoa louquinha de hoje.
Pensamentos aleatórios, ok? Nada tendo muito a ver com nada, o único ponto de ligação é que todas as lembranças são minhas e todas são anteriores ao ensurdecimento.

1. Eu entrei na escola com 1 ano e 8 meses. Eu tenho o relatório de acompanhamento pedagógico até hoje e a professora escreveu que eu sempre ouvia as histórias e depois, queria repetí-la para outras pessoas, contando a minha versão dos fatos. Em suma, já nasci blogueira!!

2. Eu comecei a namorar ainda no maternal e tinha DOIS namorados, Cristiano – só porque ele era vegetariano que nem eu – e Roberto – que era uma peste e mordia todo mundo e namorar ele foi a maneira de convencê-lo a não me morder nem deixar nenhuma outra criança fazê-lo (isso foi explicação da professora, sério!!). Ironicamente, meu primeiro namorado sério, 20 anos depois, também se chamava Roberto. Coincidências….

3. Minha irmã tem apenas 1 ano e 6 meses a mais que eu. Ela não conseguia pronunciar nem o nome dela direito, que diria ‘Lakshmi’? Então, meu primeiro apelido foi ‘Lapidinha’ que era como ela me chamava. Felizmente, o apelido não vingou, porque meu avô materno dizia que soava como diminuitivo de ‘Lápide’.

4. A primeira profissão que eu quis ter foi ‘motorista de taxi de praia’. Explicando, um dia pegamos taxi na praia e o motorista tinha colocado umas toalhas sobre os bancos (porque eram de couro e estava calor). Ai eu achei que ele era motorista de taxi de praia, alguém que só dirigia pela orla levando as pessoas de uma praia para outra. Perguntei se era isso, disseram que não e explicaram que era porque estava calor e tal. Daí, eu tive a idéia genial de criar esse taxi que eu imaginei. Eu tinha quatro anos!

5. Meus olhos são tão pretos, que eu tinha uns cinco anos já, quando descobri que tinha pupilas. Achava engraçado que minha mãe tinha olhos com pontinhos pretos no meio (ela tem olhos castanhos médios), quando eu, minha irmã e meu pai não. Mas, um dia, me olhando no espelho sob luz forte, descobri que também tinha pupílas que nem minha mãe e fiquei felicíssima!!

6. Apesar de que eu digo que só comecei a ler e, por tabela, a escrever bem depois que perdi a audição, a minha primeira poesia foi ‘composta’ aos 6 anos. Na verdade, era uma música, que eu cantarolava a letra. Dizia o seguinte:
‘Flor colorida
que brilhava no céu
parecia
o papai noel
Era toda
de brilhante
só tinha aquilo
naquele instante
Não tinha nada
de diferente
mas tinha alguém
muito atraente
Muito longe daqui
comendo caqui
abri a janela
e caiu uma chuva amarela
Caiu um raio de sol
e bateu num caracol.’
(hahaha)

7. Antes de perder a audição, eu detestava português/gramática e adorava matemática. Mas nunca fui capaz de ‘contar’ como uma pessoa normal. Eu sempre divido tudo em grupos de 3, multiplico pela quantidade de grupos e somo os remanescentes. Até hoje, meu cérebro processa números dessa forma.

8. Minha cor favorita era vermelho e praticamente todas as minhas coisas eram dessa cor. O que tem de foto minha, criança, vestida de vermelho não é brincadeira. No entanto, hoje em dia, apesar de adorar vermelho, canso fácil dessa cor e raramente compro coisas nesse tom.

9. Quando mudei do Rio para São Paulo, os adultos sempre me perguntavam se eu preferia o Rio ou São Paulo e eu não entendia porque tinha que preferir um ao outro. E sempre ficava braba quando um carioca falava mal de São Paulo ou vice versa. Sinto-me uma nativa dos dois lugares!

10. Eu era apaixonada pela Rita Lee e um dos presentes que eu mais gostei de ganhar, ainda pequena, foi um disco de vinil dela. Acho que era o álbum Baila Comigo. Ele durou pouco, porque um dia resolvi montar cavalinho nele e quebrei-o.

Como vocês podem ver, eu não mudei muito…

Beijinhos sonoros,
Lak

14 Resultados

  1. SôRamires disse:

    Uau, viagem em táxi de praia, conduzido pela Lapidinha, a uma infância que nunca termina! Apesar de ter idade para ser sua mãe me senti brincando com você no maternal. Beijokas 😛

    • Avatar photo laklobato disse:

      A magia dos textos é essa, eles são atemporais. Podemos ser crianças na mesma época que gente muito mais nova ou mais velha que nós hihihihi
      Beijinhos

  2. Maíra disse:

    Você realmente é uma peça rara, Lak!

  3. Bruna disse:

    Adorei! Ô infância divertida!
    Bjs

  4. Simone disse:

    Me permita dar umas risadas gostosas? hahahaha!!! 😀 😀

  5. Vitor disse:

    Desde já peço desculpa por me intrometer vindo do outro lado do Atlântico (Portugal) 😉

    É fantástico ler os testemunhos de tanta gente que utiliza actualmente Implante Coclear, casos de sucesso como o seu!

    Sou pai de uma menina que activou o implante Coclear em Agosto de 2010 e ela está a ter progressos fantásticos! É tão bom vermos a nossa menina dançar toda animada enquanto escuta uma canção, dá lágrimas só de escrever esse texto quanto mais de presenciar!

    É preciso o nosso mundo cair para nos apercebermos do quanto as coisas que nos parecem mais insignificantes são tão preciosas.. Até acho que fiquei a ouvir muito mais música depois de todos estes eventos.

    Tanto eu como a mãe somos ouvintes sem qualquer historial na família!

    Bem, já deixei um testamento demasiado grande!

    Beijinhos e prometo voltar a passar por aqui 😉

    • Avatar photo laklobato disse:

      Olá, Vitor…
      Fico honrada com a visita e com os olhos lacrimejados com seu relato. É maravilhoso ter visitas de todos os lugares.
      Não posso imaginar como é para um pai ver a filha ouvir música pela primeira vez. Mas de longe e na medida do possível, sei bem o entusiasmo que é descobrir (e redescobrir) os sons.
      Que sua filha seja um sucesso com o IC dela!!
      Grande abraço e volte sempre!

  6. Mariana disse:

    Doida não, mas muuuuito fofa! Hahahah Adorei a ideia do taxista de praia e amei o apelido Lapidinha, devia ter durado hihihi

    Bjim

  7. Isabela Cabral disse:

    Gente, esse item 7 é uma das coisas mais nonsense que eu já ouvi! hahahahaha

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