Implante Coclear Bilateral em Adultos

Pessoas, hoje tenho o prazer de trazer ao blog uma entrevista importantíssima para os interessados e curiosos no Implante Coclear: o depoimento de um adulto com IC bilateral: Walter Kuhne Junior.

Para uma explicação mais detalhada sobre o IC bilateral, leiam diretamente no Blog do Walter.

Espero que gostem…

1. Olá, Walter, conte sobre você, qual sua idade, o que você faz, pros leitores do DNO (sigla do blog) te conhecerem um pouco…

Eu tenho 47 anos, sou bacharel em Comunicação Social, na habilitação Rádio e Televisão, Produção e Direção. Atualmente, trabalho na empresa Politec Saúde, na área de Soluções Auditivas, como vendedor técnico. Nesta função, participo de eventos da área de saúde auditiva por todo o Brasil, visito médicos (otorrinos, fonos e pediatras) e faço um trabalho de relacionamento em 17 hospitais em São Paulo.

2. Que tipo de surdez você tem? Com quantos anos parou de escutar?

A minha surdez é neurossensorial bilateral profunda (95 db). Sou pós-lingual.  Eu perdi a minha audição quando tinha 42 anos de idade, em virtude de uma combinação de vários problemas de saúde, que foram: uma quimioterapia, em virtude de uma linfoma non-hodjkin, uma PAC meningite (meningite tuberculosa) e uma nefrite crônica, que foi curada com dois antibióticos fortíssimos. Fiquei 5 meses internado em um hospital (2 meses em um e 3 meses em outro). No segundo hospital, eu dormi um dia como ouvinte e acordei surdo no outro dia.  Após a minha alta, a única seqüela tinha sido a surdez.

3. Como e quando você tomou conhecimento sobre o Implante Coclear?

Eu fiquei um ano sem ouvir nada. Durante este tempo, fiz fonoterapia para aprender as técnicas da leitura labial, enquanto aguardava a cirurgia de Implante Coclear. Eu descobri o Implante por acaso, quando a minha esposa, conversando com uma amiga da prima dela recebeu um questionário em papel que era utilizado no Hospital das Clínicas de São Paulo para candidatos à cirurgia de IC. Chegando em casa neste dia, a minha esposa, que sempre me apoiou, disse: “Você vai fazer a cirurgia de Implante Coclear no HC de São Paulo!”. Este foi o início de um processo que durou 7 meses, envolvendo várias consultas com otorrinos, fonos e uma psicóloga.

4. Você optou pelo Implante Bilateral, raro em adultos, mas chegou a utilizar de um lado só, pra saber a diferença entre o mono e o bilateral? Quais são as principais vantagens?

Após três anos como usuário de implante coclear, resolvi fazer a minha segunda cirurgia de IC, também no HC de São Paulo. Pesquisei muito antes desta decisão, inclusive no Fórum Americano de usuários de IC. Quando decidi, já sabia que poderia obter os seguintes benefícios com o segundo IC:

1 – Atenuação acentuada do zumbido;

2 – Localização sonora mais precisa;

3 – Melhor discriminação sonora em ambientes extremamente ruidosos;

4 – Atenuação da sombra acústica de cabeça;

5 – Back up de aparelhos, pois quando um dos processadores de fala desliga, para a troca de bateria, o outro está totalmente ligado e pode ser utilizado, por exemplo, na continuação de uma comunicação importante ao telefone ou numa simples conversa.

Eu costumo dizer que foi como se eu usasse apenas um dos olhos, durante três anos e, de repente, o segundo olho passasse a funcionar também, ajudando na visão periférica, no sentido de profundidade, etc. Ou se eu, tendo um só dos pulmões, passasse a respirar com mais um; ou ainda tendo um só dos rins funcionando, passasse a utilizar mais um rim para a filtragem de meu sangue. Afinal de contas, nascemos todos nós com dois ouvidos, não nascemos?

5. O que os médicos falaram quando você optou pelo bilateral?

Os médicos com os quais eu mantive e mantenho contato sempre estiveram muito bem atualizados quanto ao Implante Coclear, pois eles fazem uma ponte aérea com o mundo e trazem sempre com eles estudos científicos atualizados que apontam para o ganho real do implante coclear bilateral. O meu primeiro cirurgião foi o Dr. Arthur Menino Castilho, em 2006. O segundo cirurgião foi o Prof. Dr. Robinson Koji. Ambos ficaram muito felizes com a minha decisão pelo Implante Coclear. Mantenho contatos regulares com ambos e com um grande número de otorrinos, que sempre me apoiaram e me informaram sobre o Implante Coclear. Por outro lado, há também um aspecto muito importante a dizer: a fonoaudióloga é quem vai fazer um grande acompanhamento do implantado, após a cirurgia. Mapear sempre é a minha recomendação, para discriminar o som de forma mais clara, atualizando sempre o software no processador de fala. Eu costumo dizer que a minha fono, a Dra. Valéria Goffi, é “os meus ouvidos”, pois as minhas consultas para o mapeamento são extremamente estudadas, testadas e avaliadas para que eu me sinta mais seguro em uma conversação, inclusive ao telefone.

6. O que mudou na sua vida, depois de implantado?

Mudou tudo! Três meses após o meu primeiro implante desenvolvi trabalhos na área da Televisão Digital no Canadá, Estados Unidos e Japão.  Eu e minha equipe conseguimos cumprir com toda a agenda de trabalho e eu fui um dos responsáveis em marcar nossas reuniões pelo telefone. Foi  grande a emoção quando eu fiz a minha primeira ligação internacional e mantive uma conversa com um engenheiro americano. Além disso, adquiri a minha autoconfiança que estava um pouco fraca e esquecida, pois o surdo pós-lingual é acostumado com o mundo sonoro, com a conversa, com as reuniões, com os telefonemas, com a campainha de casa e com o latido de cachorro. Ficar no silêncio, só ouvindo um zumbido altíssimo foi muito deprimente e, por não conhecer libras e só usar a LOF, foi também muito cansativo. Hoje, consigo manter uma conversa ao telefone utilizando os dois processadores e, com alegria, uso até o viva-voz, no carro, para não ser multado…

7. Você aconselha o Implante Bilateral para adultos? Por quê?

Sim, eu aconselho. Entretanto, é preciso ser bem avaliado por uma equipe multidisciplinar e ser também muito bem acompanhado pela fonoaudióloga, fazendo mapeamentos regulares. É preciso também ser pro-ativo, paciente e interessado nas conquistas sonoras, que acontecem no decorrer do tempo. Costumo dizer que cada implantado é como uma impressão digital, não há um usuário igual ao outro e se um usuário de IC não consegue uma boa discriminação sonora ao telefone, não significa que ele é pior ou melhor do que outro implantado.

Se quiser falar algo mais, fique a vontade, ok?  E, nem tenho palavras para agradecer a boa vontade!!

Há muitos surdos que, por terem tido uma orientação médica superficial, têm medo da cirurgia e dos resultados do Implante Coclear. É importante conhecer um centro de Implante Coclear que já atue com competência e seriedade no processo multidisciplinar de avaliação do surdo profundo. Então, sugiro consultar o site da empresa Politec, onde é possível conhecer todos os centros de IC do Brasil (www.politecsaude.com.br)

beijinhos sonoros,

Lak

13 Resultados

  1. SôRamires disse:

    Muito boa entrevista! Bastante esclarecedora.

  2. Lak que maravilha de entrevista, o Walter é uma pessoa especial em nossas vidas, no dia da ativação do Marcelo ele estava no HC….
    Bjs… 🙂

  3. Rogerio disse:

    Moçoila, você me saiu uma jornalista de primeira. Uma entrevista completa e esclarecedora que, imagino, ajudou muita gente a tomar sua decisão. O Walter me pareceu um cara obstinado, corajoso e com um baita amor à vida. Ingredientes suficientes para ir à luta e tomar decisões sem olhar para trás.
    Um grande beijo, e parabéns pela iniciativa da entrevista.

  4. Juliana disse:

    Que excelente entrevista, fiquei super emocionada. To aqui contando os dias para a minha operação do IC, imagino que tbm terei muito para contar, quem sabe poderei compartilhar com todos vocês.
    Beijinhos!!! Boa semana!!!

  5. David disse:

    Lak, você é surpreendente.

    Essa entrevista é de extrema importância. O Walter foi um dos que me inspiraram a fazer o IC. A Lak foi a outra.

    Soube que você o ajudou no novo blog… pois o anterior estava com constantes problemas. Foi uma bela ajuda. Nós precisamos de canais de informações desse tipo.

    Beijos

  6. Lívia disse:

    Oi Lak!

    O Walter é uma pessoa maravilhosa e, também, foi um grande “muso” inspirador na minha decisão pelo IC. Tive a oportunidade de conhecê-lo pessoalmente e conversamos várias vezes em Eventos e Simpósios, já que também sou “fã” de buscar conhecimentos em várias áreas para aprimorar também a minha profissão.
    Em Outubro de 2010 estarei organizando um Encontro em Lins e a Politec o liberou para estar presente com a exposição do IC. Espero q vc também possa vir. Na ocasião, enviarei o folder-convite e já peço usa ajuda para divulgar.Participo ativamente das emoções sonoras que vc esta vivendo, pois as minhas são parecidíssimas! Grande bjo, menina! 🙂 .

  7. Lívia disse:

    Obaaa!!!!

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