Implante coclear e Qualidade de vida.

Matéria da Folha Online, leitura sugerida por Jairo Marques, do blog Assim Como Você.

Heis que muito se fala, mas poucos tem conhecimentos práticos no assunto, a menos que convivam com implantados: o implante realmente melhora a qualidade de vida do usuário?

A curto prazo, EU posso afirmar que sim. Mas sempre vai soar como uma preferência pessoal e intransferível, portanto, nada melhor que uma reportagem abordando o assunto. Saiu no caderno Saúde, da Folha de São Paulo, de ontem (09/03/2010) a matéria abaixo.

09/03/2010

09h37

Ouvido biônico traz boa qualidade de vida

MARIANA VERSOLATO
Colaboração para a Folha de S.Paulo

Crianças e adolescentes surdos com implante coclear -um estimulador elétrico que faz o papel do ouvido, ou seja, capta o som e o transforma em pulsos elétricos- têm qualidade de vida similar à de crianças e jovens ouvintes sem o implante.

Beatriz César, 12, que usa implante coclear desde os cinco anos; segundo a mãe, ela não sofre nenhum preconceito na escola

Beatriz César, 12, que usa implante coclear desde os cinco anos; segundo a mãe, ela não sofre nenhum preconceito na escola. Foto: Danilo Verpa/Folha Imagem

É o que aponta um estudo americano publicado no periódico “Otolaryngology -Head and Neck Surgery”.
Ainda segundo a pesquisa, quanto mais cedo a criança fizer o implante, conhecido como ouvido biônico, melhor será sua adaptação social e seu desempenho na escola. No Brasil, a cirurgia é feita pelo SUS em centros especializados.

O implante é indicado para crianças surdas com ao menos um ano de idade e adultos com surdez bilateral severa que não tiveram benefícios com o uso de aparelhos auditivos. É necessária uma complexa adaptação para que a pessoa consiga interpretar os sons recebidos.

No estudo, foram avaliadas crianças de 88 famílias, com idades de oito a 16 anos. Elas e seus pais tinham que responder a um questionário sobre a saúde física, mental e emocional, relacionamento social e desempenho escolar. As respostas foram similares às de crianças e adolescentes ouvintes, sem implante.

Para Domingos Lamônica Neto, otorrinolaringologista da equipe de implante coclear da USP de Bauru, a criança já tem um ganho na qualidade de vida a partir do momento em que recebe o implante. “Desde o momento em que ela ouve pela primeira vez, já é possível sentir uma mudança positiva na parte emocional, familiar e educacional”, diz.

Segundo a psicóloga Midori Otake Yamada, da equipe de implante coclear do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais da USP (Universidade de São Paulo) de Bauru, o envolvimento da família é fundamental para estimular o desenvolvimento da linguagem e a interação social das crianças e dos adolescentes. “Comunicação é interação. Se a mãe não aceita a surdez da criança, não brinca ou não conversa com ela, esse processo falha”, afirma.

Yamada diz também que a qualidade de vida dessas crianças está ligada ao trabalho de uma equipe especializada, com otologista, fonoaudiólogo, assistente social e psicólogo. Para os adolescentes, especialmente as meninas, a adaptação ao aparelho é mais difícil. “Alguns têm vergonha da unidade externa.”

A fonoaudióloga Silvia Badur Curi, que acompanha pacientes implantados no Hospital das Clínicas da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), lembra ainda que a qualidade de vida depende da idade em que é feita a cirurgia.

Quanto mais tarde o implante for feito, mais trabalho envolvendo a terapia será necessário para o desenvolvimento da linguagem. “É uma corrida contra o tempo, mas, mesmo com “atraso”, a pessoa pode adquirir uma boa evolução”, diz.

“Ela canta, toca violão, faz de tudo”

Fazia um mês que a professora Délia Maria César, 59, havia sido aprovada num concurso público para dar aulas para surdos quando ela descobriu que a filha de dois anos não escutava. “Todo mundo dizia que era coincidência de Deus, mas, na época, eu fiquei revoltada e entrei em depressão”, conta.

Hoje, dez anos depois da descoberta e sete após a cirurgia de implante coclear da filha, Délia é categórica ao afirmar que Beatriz César, 12, tem a mesma qualidade de vida de outras crianças. “Ela toca violão, joga futebol, canta no karaoke, faz tudo o que as outras crianças fazem.”

Délia diz que Beatriz nunca teve problemas na escola. “Ela não sofre preconceito, tem autoconfiança. Quando eu quero explicar muito alguma coisa para ela, eu é que levo bronca”, conta, rindo.

Link para o artigo original

Espero que seja útil essa leitura.

Beijinhos sonoros,

Lak

12 Resultados

  1. Renata disse:

    Bom dia Lak, tinha lido na flsp, mas vale comentar que tudo que possa acrescentar na qualidade de vida das pessoas vale a pena. beijos

  2. Lu disse:

    Eu li a matéria ontem e adorei!! O legal de sair num site com a Folha Online é que muita gente tem acesso e assim muita gente passa a conhecer o IC. Acredito que assim diminui o preconceito, os olhares do tipo “nossa, oq é isso na cabeça da mina?!” e mesmo a desconfiança de pessoas que poderiam usar mas que tem receio por algum motivo…. não?!? 😳
    Beijinhos!

    • Avatar photo laklobato disse:

      Sabia que o cabelo camufla MUITO do IC? Besteira encasquetar com implante. Ademais, o resultado compensa. Falar com sotaque de surdo ou na lingua de sinais, tb chama a atenção, logo, quem tem deficiência tem que estar vacinado contra “mimimi estão me olhando feio”.
      Beijos

  3. zuleid disse:

    E além do mais, qual é o problema de “olharem feio ou bonito”?
    O grande barato da vida é tentar SEMPRE e TUDO o que for possível para curtir intensamente o que nos é dado e que nem sempre temos na totalidade! Fico muito triste quando vejo pessoas que deixam de viver por medo! Se já temos a dificuldade, o máximo que pode acontecer é ficar do mesmo jeito! Se não tentarmos é claro que nada vai mudar! Sabe Lak, ontem fiquei pensando naquela sua idéia de “poupar” um ouvido prá um “possível” progresso que o futuro pode trazer e vi que este pensamento mostra sua cara: Esperança, Otimismo e Alegria!
    Você já sabe que vai ser cada dia melhor porque já se propôs a experimentar o que ainda nem existe!!!
    Que lindo ver pessoas assim aberts ao novo e aberta às pessoas. Que DEUS (o meu e o seu podem ter nomes diversos, mas na verdade só são “apelidos”) lhe conserve assim prontaproquederevier né Jairo??!!!

    • Avatar photo laklobato disse:

      Hahahaha fiquei sem graça até… Mas sim, eu sou uma eterna otimista. Pensa, há 1 ano atrás nem sabia que estaria aqui, cheia de amigos queridos, ouvindo sons que não ouvia ha decadas ou nem conhecia…. Quem sabe o que a vida ainda me reserva?
      Ademais, cara feia só mata se for conjunta com violência. Ela sozinha, não arranca pedaço não!
      Beijos

  4. zuleid disse:

    Você não sabe o que a vida lhe reserva?? Hahaha!! Muitas alegrias, amigos e progressos cada vez maiores, diretamente proporcionais ao que você vem semeando! Cara feia só mata…de susto o próprio dono quando se vê no espelho!
    Beijos!!!

  5. Maíra disse:

    Não tenho duvidas!!! 🙂 Pq desta maneira, mesmo continuando com a def. auditiva, se consegue desempenhar e acompanhar muito melhor. O desenvolvimendo dela sera beneficiado com o apoio do aparelhinho. 🙂

  6. Ivone disse:

    Sou professora numa escola de educação bilingue de alunos surdos; neste momento só tenho alunos implantados, alguns com sucesso, mas outros continuam com graves problemas na comunicação e linguagem (não dominando eficazmente qualquer meio de comunicação: oral / gestual),

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